terça-feira, 25 de outubro de 2011

Coisa de Gente Grande




Estranho é o homem
Quando livre
Quer gaiola

Estranho é o homem
Mesmo engaiolado
Quer Voar

Estranho é o homem
Que vê a porta aberta
E não quer saltar

Mas é estranho, o homem.
Quando ele salta
Já quer se engaiolar.

domingo, 23 de outubro de 2011

Despedida para um dia melhor







Bom dia amor
Sei que parte por precisar
Mas ponha sua bagagem um pouco aí
No chão, puxe a cadeira e senta aqui...
Pra conversar

Vamos tomar uma dose de café
Faça como tem costume!
Acenda mais um cigarro.



Dê alguns tragos...
Hoje gosto que fume.

Eu sei que é para eu me cuidar antes...
Segue aí, que sigo aqui, eu entendo.
O norte e o sul estão distantes,
Mas sempre se encontram por dentro

É bom você sorrir,
Melhor do que te ver partir
Isso se torna a recompensa do adeus
Um minuto de silencio e se esqueceu?

Nossos planos saíram do eixo
Mas sabemos como anda a vida
Não é de trilhos, nem rodovia.
Mas é como o vento desleixo

E mesmo o vento desleixo
Sopra hora longe, na contramão.
Hora sobra com muito efeito...
Sem hora novamente na mesma direção
Ou não.

Assim a doce menina responde:
- Estou partindo, mas levo você no coração.
- Isso, o vento não leva não.


(Rogério Costa)

Poema em homenagem a uma grande despedida.

sábado, 29 de maio de 2010

Até as 3:30

Como conquisto sua lealdade?
Apenas espero o sorriso
me vendo como alívio
Que se dá como verdade

Não espero contrato
Seu trato de posse
Não quero um retrato
um recado no passaporte

Do gozo alheio de outras
Desejo conhecer seu cheiro
Sua saliva, suor, fio de cabelo
Encarnando nesse meu peito

Dedico um intenso sexo
Corpos suados e calorosos
Obscenos, mas amorosos
Instintivo como um reflexo

Minha liberdade escancara
Na forma de amar a esperança
Sentindo todo seu calor vital
Dentre suas pernas e entranhas

Já frio por tanta experiência
Que acende com excitação
Quando ouço aquela canção
Que mexe com nossa essência

E te ver rir com uma piada
Que lembrara sua infância
E ver que a vida é um segundo
Baque destinado à esperança

Dedico algumas horas
Desse calor, amor, tesão
Certidão do que interessa
Mas não faremos depressa

Aguentaremos uma soma
De tudo que sofremos
Da vida que prega peça
Nesse rito nos comemos

Com a fome do leão
Devorando a presa
Dentro da certeza
De que não há outro dia

Gozaremos nossos sonhos
Na carne de ambos
Sala, quarto, jardim
Nos gritos, riscos, beliscos

Sem regra no poema
Do ventre, a contração
Sem limites na transa
Do membro, a pulsação

Aceita como pagamento
Meu respeito à sua liberdade
Meu carinho daquele jeito
E minha reciprocidade?

sábado, 8 de maio de 2010

O dia mais longo desses dias curtos


O relógio é lento
Tudo traduz o tempo
Momento de solidão
Pensamento vão

Passa o dia contando
Segundos de ilusão
Perdendo o presente
sem tal pretensão

No fim da tarde
Vê que nada fez
A não ser o alarde
De se imaginar feliz

E o tempo acabou
Nada chegou
Nada desfez

E dormiu outra vez

domingo, 18 de abril de 2010




Parei de fumar.

Passo o manto do pensamento
Contesto em contratempo
respiro nalgum momento

Pego o cigarro
Penso
E paro.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O Antiquário dos Espelhos.



O novo que quer ser velho no passado
O velho que sonha com o novo no presente
O sonho que vive o velho do futuro
O Tempo me matando pouco a pouco

Preciso embriagar-me de algo.
Então, que seja de você.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Desventura no Picadeiro da Vida – Por Kehrû



Entre boêmios o homem espreita

Sem duvidar dessa sua certeza

Enterra o passado na sola do pé

E derrama sua desperdiçada vida

Vivida, desmedida na lata de Golé

Morre de ataque ao ver que na lida

O misere que vivia fazia do seu lar

Uma grande montanha, até fico sem ar

De contar tamanha desventura vivida

Na altura da infelicidade ele resistia

Não querer mais o palco e trazia vazia

A mala velha que antes bem guardava

Narizes de palhaços que ele já vestira.


Não contente com a vida de artista

Saiu do picadeiro como pipoqueiro

E virou bandido. Sofrido o coitado

Pela vida foi afoitado e mau jurado

Prejudicado por sua própria atitude


Não tinha no peito o coração de antes

Que perante o instante não se julgava

O homem de outrora e não encontrava

O meio disso tudo no homem de agora

O homem quis ser palhaço dessa vida

Deixou pra trás a fantasia de homem

Queixou do ontem dizendo onde jazia


Não estava a mais de alguns metros

Daquele terreno baldio do outro lado

Pela tenda já não estava mais ocupado

E o palhaço que era homem de fato

A seu risco fantasiou-se de homem

E viveu o resto do fim sendo palhaço